Biópsia de próstata. Por que fazer, como é realizada e o seu resultado.
Quando alterações nos exames de seguimento urológico apontam alguma suspeita da presença de câncer de próstata, a biópsia deve ser solicitada para que essa questão seja esclarecida com a maior brevidade.
Muitos pacientes temem a realização do procedimento por temerem a dor provocada ou pelo risco de complicações. Nesse artigo vamos entender como e porque uma biópsia prostática deve ser realizada e revelar o quão confortável e segura ela de fato é.
Visão Geral
A biópsia da próstata remove amostras do tecido prostático através da realização de uma ultrassonografia pelo reto através de um guia acoplado ao aparelho. Antes do procedimento o paciente deita-se e um acesso venoso periférico é puncionado. Por esse acesso o medicamento que fará a sedação será administrado e permitirá que o paciente durma e nada sinta durante todo o processo.
O procedimento é considerado de baixa complexidade, sem a necessidade de internação hospitalar e é realizado por um especialista nessa área, não por qualquer médico urologista ou radiologista.
Durante a biópsia são retirados ao menos 12 fragmentos que serão enviados para a análise em microscópio por um outro profissional, o médico patologista. Esse profissional determinará a presença ou ausência de malignidade (Adenocarcinoma) nas amostras que recebeu, assim como outras alterações como Prostatite, Atrofia, o PIN e o ASAP.
O procedimento em si leva 15 a 20 minutos, mas o paciente poderá permanecer no local mais 1 hora para recuperar completamente a consciência antes de partir.
Quando a Biópsia de Próstata está indicada?
A indicação do procedimento passa pelo discernimento clínico de seu urologista, mas há algum pontos que podem ser ressaltados e que, em tese, indicariam a realização da biópsia.
Elevação do PSA
PSA entre 2,5 e 10 – 1 em cada 4 homens pode apresentar Câncer
PSA maior que 4 em homens mais velhos – 1 em cada 4 pode apresentar Câncer
Toque Prostático alterado
Homens com nódulos prostáticos endurecidos precisam de investigação com biópsia
Ressonância Nuclear da Próstata alterada
Algumas alterações na ressonância como Nódulos PI-Rads III ou IV podem precisar de investigação com biópsia
PSA em elevação após a biópsia
Quando o PSA volta a subir, mesmo após uma biópsia negativa, é preciso repeti-la
Lesões Pré-malignas
Se em uma biópsia prévia surgiram alterações consideradas pré-malignas, uma nova biópsia poderá ser indicada.
Qual o preparo necessário?
Os risco de complicações são baixíssimos, mas algum preparo é necessário para mantermos a segurança. O preparo é personalizado por cada centro que realiza biópsia prostática e dentre o que pode ser necessário inclui-se:
1. Interromper qualquer medicação anti-coagulante ou que cause algum distúrbio na coagulação como AAS, Advil e Ginko-Biloba
2. Fazer uso de antibiótico na véspera e 1 hora antes do procedimento
3. Estar em jejum para líquidos e sólidos
4. Realizar avaliação pré anestésica no caso seu médico ache relevante
O que acontece depois da Biópsia da Próstata?
Logo após o procedimento o paciente estará sonolento e recuperará a consciência em alguns minutos, quando poderá se alimentar e deixar o local com acompanhante. Não poderá dirigir neste primeiro dia.
Durante os dois dias seguintes, exercícios físicos ou esforços devem ser evitados.
Durante alguns dias a região anal estará um pouco irritada ou inflamada, mas sem consequências maiores. Durante as evacuações haverá a saída de fezes com um pouco de sangue, o que permanecerá ocorrendo por até 2 semanas, sem qualquer consequência maior.
Sangramento na urina também poderá ocorrer e se manter por duas semanas.
A maior parte dos homens também apresentará esperma escurecido ou avermelhado, alteração que persistirá por até 2 meses.
Febre, calafrios, dificuldade para urinar ou dor não são esperados e sua presença deve motivar contato imediato com seu médico.
A inflamação na próstata permanecerá por 20 a 30 dias, antes desse período nenhum tratamento cirúrgico ou radioterápico deve ser realizado no local. É posse esse motivo que os pacientes que recebem o diagnóstico de câncer podem realizar seus exames e avaliações sem urgência exacerbada.
Resultados da Biópsia de Próstata
O profissional especialista na análise das amostras da biópsia possui papel crucial, pois sua experiência trará impacto direto no diagnóstico. Isso ocorre porque a análise não é completamente objetiva e em muito dependendo da experiência desse profissional. Felizmente o profissional mais experiente do Brasil e com uma das maiores experiências no mundo está à disposição para realizar essas análises e revisões em São Paulo.
Uma análise considerada bem feita deverá conter:
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Descrição das amostras recebidas:
É relatado o aspecto macroscópico do tecido e sua condição geral
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Descrição das Células:
É descrito como as células aparecem no microscópio, no caso do câncer de próstata, o patologista usará o termo Adenocarcinoma. No caso de lesões consideradas pré-malignas e que demandam condutas específicas, usara os termos PIN (neoplasia intra-epitelial de alto grau) e ASAP (proliferação atípica de pequenos ácinos). No caso de alterações inflamatórias usará os termos prostatite e suas graduações e Atrofia. Finalmente no caso de biópsia negativa, usará o termo hiperplasia ou tecido normal.
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Graduação do Câncer:
O patologista classificará o grau de agressividade do tumor informando uma nota que variará de 6 a 10. Além disso, também descreve o número de fragmentos acometidos e a porcentagem de acometimento em cada fragmento;
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Diagnóstico:
O patologista informa e descreve seu diagnóstico podendo anexar comentários
Resultados suspeitos, mas sem diagnóstico de câncer
Algumas vezes, quando o patologista analisa as amostras retiradas da próstata, as células não aparentam câncer, mas também não estão normais.
Esses resultados podem ser considerados suspeitos e demandam uma estratégia personalizada.
PIN
Neoplasia Intraepitelial de Prostática: apesar do nome neoplasia, essa alteração não é considerada maligna, ou seja não é um câncer. Existem o PIN de alto Grau e o PIN de baixo grau. No caso de PIN de alto grau alguns estudo indicam que o Câncer de Próstata pode estar presente em uma área próxima em até 20% dos casos. Isso demanda seguimento cuidadoso e repetir a biópsia na menor suspeita de alteração do toque ou PSA.
ASAP
Proliferação Atípica de Pequenos Ácinos: esta alteração é formalmente considerada pré-maligna e a biópsia deve ser repetida em 2 meses. Alternativamente é possível enviar as lâminas para revisão de patologista mais experiente, que consegue definir o diagnóstico em até 50% dos casos sem a necessidade de nova biópsia.
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Mais informações
http://www.mayoclinic.org/tests-procedures/prostate-biopsy/home/ovc-20200181
Dr. Cesar Camara
Olá, sou o Dr. Cesar Camara, médico especialista em urologia e andrologia. Aqui você pode me conhecer melhor, encontrar mais de informações sobre meu trabalho, além dos locais de atendimento.